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I.U.O. Bruno & Marrone – Sonhando

Entre os veteranos percebe-se um certo desespero, se é que podemos chamar assim. Os caras provavelmente acompanham a evidente evolução de qualidade nos trabalhos dos artistas da nova geração e ficam, creio eu, sem saber direito como proceder. Alguns utilizam a tática do ataque gratuito (como a dupla Zezé di Camargo & Luciano), outros acolhem os novatos de braços abertos (Chitãozinho & Xororó com o projeto “40 anos – Nova Geração”). A tática de Bruno & Marrone, por sua vez, já esboçada no “De volta aos bares”, é simples: tentar conduzir o trabalho na mesma linha dos artistas novatos.

Digo “esboçada no ‘De volta aos bares'” porque aquele trabalho ainda trazia traços marcantes dos bons e velhos Bruno & Marrone. A tentativa de cópia da metodologia da “Nova Geração” residia nas absurdas regravações de “Duas Vezes Você” e “Favo de Mel” em versões universitárias. A música “Amor não vai faltar” era na mesma linha “universitária”, mas, por ser uma canção inédita, não ficou estranha como as citadas. Ficou legal, inclusive.

O Bruno sempre teve uma teoria interessante (mas totalmente errada) para definir a música sertaneja universitária. Segundo ele, sertanejo universitário nada mais é que o sertanejo num ritmo mais acelerado (?!?!?!). Seguindo essa infame teoria, e achando ser o certo a fazer, o Bruno resolveu que gravaria parte de seu repertório nesse mesmo ritmo acelerado. Por isso as versões estranhíssimas de “Duas Vezes Você” e “Favo de Mel” no último disco.

Para o disco “Sonhando”, a dupla Bruno & Marrone volta a usar essa mesma tática. E de maneira ainda mais gritante. O disco é lotado de músicas nessa mesma pegada de “ritmo acelerado” (segundo as palavras do Bruno). E se não bastasse a dupla ter gravado músicas originalmente concebidas para esse ritmo, o disco ainda traz músicas que claramente tiveram seus ritmos originais modificados para que pudessem atender a essa “necessidade”. Sim, porque pelo jeito a dupla está achando que gravar assim é uma necessidade de “mercado”. Pode até ser, mas não de maneira tão escandalosamente forçada.

As músicas “Pára com tudo” e “Tá na cara” são os dois exemplos dessa mudança forçada no ritmo original da música. Ouvindo essas canções, a impressão que se tem é que elas foram compostas num ritmo mais lento ou romântico mas foram modificadas para soarem mais comerciais. Fora as regravações das canções “Tentativas em vão” e “Seu Polícia”, que também tiveram seus ritmos originais modificados. O problema é que essa concepção de “comercial” da dupla Bruno & Marrone, pelo menos nessas canções, está uns 2 anos atrasada. No auge do movimento “universitário”, essa era sim a prática mais utilizada. Mas agora, cerca de 2 anos depois, isso já caiu em desuso. Já é retrógrado, aliás. E muito me admira um profissional como o Bruno ainda não ter percebido isso.

Como se não bastasse esse elemento que denota a utilização atrasada da influência do sertanejo universitário, Bruno & Marrone ainda trazem pelo menos outros 2. Um é a regravação de canções que já foram gravadas por um punhado de outros artistas. Coisa que era feita há 2 anos atrás, também. A música “Nem na bebedeira”, por exemplo, já foi gravada por Tony Francis, Gian & Giovani e Diego & Ricardo (são os que eu me lembro assim de cabeça sem dar uma olhadinha no Google). A música “Seu Polícia” já foi gravada por Nelson & Davi, Cavaleiros do Forró e por, vejam só a ironia, Marcelo MARRONE. As duas, aliás, foram gravadas por Bruno & Marrone na mesma pegada “acelerada” que a dupla ainda julga ser a mais comercial.

Essa música, “Seu Polícia”, ainda se enquadra no terceiro elemento, ainda não mencionado: a regravação de sucessos nordestinos. Essa prática ainda não chegou a cair tão em desuso quanto as outras mencionadas. É que as canções nordestinas são, de fato, uma fonte inesgotável. Mesmo assim, a prática já começa a enfraquecer. E justo nessa fase em que ela perde força, a dupla Bruno & Marrone traz pelo menos duas canções “importadas” do repertório de artistas nordestinos. A outra é “Tentativas em vão”, que, vejam só, também foi regravada na mesmíssima pegada aceleradinha que a dupla julga ser a adequada para o atual momento da música sertaneja.

Escutando o disco “Sonhando” do início ao fim, sem interrupções, vêm a cabeça de imediato a impressão de que se tratam de dois discos em um só. Como se fossem um lado A e um lado B, não como nos vinis, mas dois lados separados unicamente pelo repertório. Esse lado que descrevi nos parágrafos acima é o lado B, obviamente. O lado B definitivamente é o anti Bruno & Marrone. É algo que eles jamais fizeram e jamais deveriam repetir. Puxa vida, onde já se viu Bruno & Marrone precisarem se adequar ao mercado com canções “universitárias”? Eles são uma das poucas duplas que oscilam entre o antigo e o moderno sem deixar a peteca cair. Sempre foi assim. Por que a essa altura do campeonato resolveram tomar uma atitude tão drástica de mudança de estilo?

Sim, porque essa mudança foi, até hoje, a mais drástica na carreira de Bruno & Marrone. O bom é que o disco ainda possui um lado A, apesar da presença desse lado B ser tão marcante. As músicas “Coração fora de área”, “Viciado em seus beijos”, “Bom demais” e “Não posso evitar” são legítimas representantes do que sempre foram Bruno & Marrone. E o disco ainda traz algumas tentativas valiosas de modernização do trabalho, como as músicas “Furacão” e “Sonhando”.

A canção “Furacão”, aliás, é uma composição do Bruno em parceria com o Euler Coelho, um dos principais compositores da nova geração sertaneja, o que denota que a inclusão do “novo sertanejo” no disco não foi feita todo o tempo de forma errada. O arranjo da canção citada é o melhor do disco. O Euler ainda assina a música “Essa Droga de Carinho”, que é uma das boas (e modernas) canções dançantes do disco. Digo moderna porque as canções dançantes da nova geração costumam mesmo trazer letras bem românticas e um acordeon mais marcante. Há uma outra canção dançante no disco, por exemplo, que foi feita nos moldes antigos, o que a torna praticamente o oposto da música “Essa droga de carinho”: trata-se da canção “Eu fecho o bar”.

A música “Sonhando”, escolhida como música de trabalho e título do disco, é também uma das boas inovações do disco. Apesar de também ser uma regravação, a música caiu muito bem nas vozes de Bruno & Marrone e traz justamente essa linguagem pop que tem marcado a fase atual da música sertaneja. Aliás, a música é uma regravação de uma banda de poprock goiana, a Mr. Gyn, o que justifica a diferença dela para com as demais canções do disco e do segmento.

A existência desses dois lados no disco da dupla Bruno & Marrone é que o deixa sem sentido. Afinal de contas, qual a intenção? Bruno & Marrone sempre foram mestres em antecipar tendências em pelo menos uns 2 anos. O disco “Acústico” fez isso e mudou a história do segmento sertanejo. O disco “Sonhando”, ao contrário, traz influências de 2 anos atrás e nenhuma novidade que possa ser copiada à exaustão daqui a 2 ou 3 anos. E olha que a qualidade do disco é grande, sim. Arranjos bem elaborados e executados, numa gravação de altíssima qualidade. O repertório definitivamente é que destoa. Bruno & Marrone saíram do status de “influências” para o de “influenciados”. E de forma negativa, sendo que ninguém exigiu isso deles em momento nenhum. Não lembro de ler ou ouvir ninguém dizendo que Bruno & Marrone estavam ultrapassados. E se não estão ultrapassados, afinal de contas, para que agir como se estivessem?

Nota: 6,0