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I.U.O. Zezé di Camargo & Luciano – Double Face

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Era um fardo escrever reviews sobre os discos da dupla Zezé di Camargo & Luciano. Pode até não parecer, mas em certos momentos eu detesto ser o portador das críticas que todo mundo tem vontade de fazer, mas ninguém tem coragem o suficiente pra falar sem medo de retaliações. Há anos (anos mesmo) a dupla Zezé di Camargo & Luciano se perdera na qualidade dos discos. Muito pela absurda e equivocada necessidade que o Zezé tinha de mostrar que ainda era o fodão, o cara, o coronel. Por anos a fio ele se recusou a abaixar o tom das canções e a produzir discos com uma pegada mais de momento, menos parecida com a retrógrada metodologia utilizada por ele e pelo César Augusto nas produções.

Incrível como uma dupla se manteve constante por tanto tempo num mesmíssimo estilo. As poucas vezes em que o Zezé se arriscou por caminhos diferentes foram nos discos ao vivo (o primeiro veio depois de mais de 10 anos de dupla). Foram sem dúvida defensores da máxima de que “em time que está ganhando não se mexe”. Com isso, já faz um bom tempo que o segmento sertanejo começou a duvidar da capacidade da dupla de voltar a ser aqueeeela dupla de antigamente. Aqueeeeele Zezé maioral, o bam-bam-bam. Seria a dupla Zezé di Camargo & Luciano capaz novamente de presentear o público com discos no nível dos que eram feitos até pouco mais de 7 anos atrás? Será que Zezé di Camargo e seu sempre inseparável produtor César Augusto conseguiriam passar por cima das críticas e simplesmente lavar as respectivas almas novamente em rios de glória?

Nesse ano de 2010 o barulho em torno do novo lançamento da dupla foi bem menor do que nos outros anos. A novidade seria um disco que imitava os antigos vinis, com um lado A e um lado B (por isso o nome “Double Face”). Num dos lados, a dupla traria somente canções inéditas (nem todas, claro, algumas já foram gravadas por artistas de menor expressão). No outro, apenas modões, selecionados entre as músicas que o Zezé gosta de cantar no dia a dia. Enfim, uma aposta diferente. Um CD duplo que não era oriundo de um DVD ou show ao vivo, com uma coletânea de regravações de modões. No total, 25 músicas. Eu sempre achei que quando o Zezé viesse com uma aposta realmente diferente ele ia voltar arrebentando. Depois de ouvir o “Double Face” cerca de quinze vezes em apenas dois dias, só uma sensação na cabeça e no coração: ÊXTASE.

Para começar, o disco de inéditas tem o melhor repertório da dupla nos últimos 7 anos, pelo menos. Há tempos o Zezé não era tão cuidadoso em escolher músicas que realmente valem a pena serem cantadas. Algumas delas remetem à fase áurea da dupla, como “Tapa na Cara”, “Apaixonite Aguda” e “Um amor pra vida inteira”. “Louco de amor” é uma das letras mais inteligentes já cantadas pelo Zezé. De desnecessário no repertório de “inéditas” (atenção às aspas) apenas o pout pourrie com as músicas “Do Seu Lado” e “Tão Linda e Tão Louca”. Todas as outras foram muito bem escolhidas.

Além disso, é incrivelmente satisfatório ver que houve um evidente esforço do Cesar Augusto em mudar um pouco o próprio estilo de produção. Até o último disco da dupla, o que se via era a mesmíssima teimosia em não se adequar a harmonia e os arranjos à modernidade. Algo ou alguém parece ter conseguido adentrar a dura cabeça do grande Cesar Augusto. É claro que ele ainda insiste em alguns elementos retrógrados como guitarras dobradas e backing vocals, mas é incrível como dessa vez ficou beeeeeem mais sutil e agradável e nada repetitivo. Poucas são as faixas que os apresentam, aliás. No caso dos backing vocals, destaque para a faixa “Mentes tão bem”, que contou com um backing vocal ilustre: Luiz Cláudio. Os backing vocals, aliás, estão mais presentes que outros elementos retrógrados, mas dessa vez não foram utilizados de forma a disfarçar a queda na qualidade na voz do Zezé como nos discos anteriores.

A sutileza na harmonia e adequação à modernidade ficam ainda mais evidentes na grande utilização de arranjos de violão (nada daqueles de nylon antiquados, aliás), acordeons e elementos mais presentes no segmento nos dias de hoje. As músicas ficaram agradáveis, nada agressivas. O Zezé ainda canta em tons elevados, mas não se percebe no disco de inéditas aquele desespero equivocado que ele tinha de provar que ainda canta nos mesmos tons de antigamente. Ficou no ponto.

Quanto ao disco de regravações, é nele que provavelmente vão se concentrar os maiores elogios da futura história da música sertaneja. Começando pelo repertório selecionado. Nada daquele repertório padrão que todo mundo costuma gravar nesses casos (exceto “Telefone Mudo”, “Ainda ontem chorei de saudade” e “Do outro lado da cidade”, todas canções queridinhas dos universitários e de mais uma galerona). Um resgate mais do que digno de canções perfeitas da história intermediária da música sertaneja. É que não é um repertório de raiz, mas sim um repertório da época situada entre o “caipira” e o “contemporâneo”. É maravilhoso vislumbrar o resgate de músicas como “Roupa de Lua de Mel” (Gian & Giovani), “Noite de Tortura” (Chrystian & Ralf), “Não quero piedade” (Trio Parada Dura) e outras tão perfeitas quanto.

Mas o que mais surpreendeu no disco de regravações foi a coragem na utilização de instrumentos praticamente abandonados, como os trios de metais e as arpas. Só o começo da faixa 01 do disco, “Cada qual tem seu valor”, já arrepia os cabelos da nuca, com os arranjos de metais que, de tão antiquados, acabaram se tornando “cult”. Nada de bateria e nem violões de aço nesse disco. Impressionante a fidelidade que eles buscaram com relação à época da gravação original das referidas canções ou às próprias versões primeiras. A base com o violão de nylon e as orquestras fazendo a cama são tão fiéis à época ou às versões originais das canções que é como se estivéssemos ouvindo um disco dos anos 70, no melhor nível “Milionário & José Rico” possível. Se é um disco de modões, a decisão mais inteligente sem sombra de dúvida foi produzir as canções da forma mais fiel possível às originais. Até os timbres de acordeon utilizados remetem a essa época mais “rasgada” da música sertaneja.

Quanto à voz do Zezé, observa-se nos dois discos que o próprio ficou mais contido que de costume. É claaaaaro que as músicas ainda são cantadas em tons elevados e tal, conforme mencionei acima, mas não houve excessos, como era tão comum nos discos anterioes e nos primeiros discos da dupla. A voz do Zezé não é a mesma do início da carreira, claro, e parece que finalmente isso está entrando na cabeça do coronel. A voz dele, aliás, agora possui um aspecto até mais verdadeiro, dada a sutil e quase imperceptível rouquidão. Nada que atrapalhe, muito pelo contrário. Até bem pouco tempo atrás a coisa andava tão feia que nem a afinação eletrônica estava dando conta. Tanto que eram bem perceptíveis as distorções na voz oriundas da utilização exagerada de softwares de afinação. No “Double Face”, no entanto, a voz dele está limpa, clara, agradável, quase como antigamente.

Arriscar não é errado. Caras como o Zezé e o Cesar Augusto, que sempre foram avessos às mudanças, parecem estar se dando conta de que isso é, sim, necessário. O César Augusto foi no “Double Face” o que ele não conseguiu ser nem nos últimos discos do Eduardo Costa. Foi retrô, sim, mas conseguiu ser dessa vez um retrô cult, de bom gosto. No disco de inéditas, aliás, ele resolveu inteligentemente abandonar quase todos os elementos que faziam dele o César “vivendo de passado” Augusto. A julgar por esse disco, o apelido inventado pelo Blognejo não poderá ser utilizado tão cedo. Resta saber se ele vai conseguir manter esse mesmo nível de qualidade nas próximas produções.

Com relação ao Zezé, nos últimos anos o que se viu foi a imensa e fanática legião de fãs que ele possui tentarem em vão fazer todo mundo acreditar que ele tinha voltado a ser como antes. Parecia piada assistir tanta gente defendendo discos mal-feitos e aquela voz calejadíssima do coronel. Mas é aquela história. Uma mentira dita cem vezes torna-se verdade. Pois agora a mentira se tornou mesmo verdade: O ZEZÉ VOLTOU, SIM SENHOR!!! Parece que finalmente ele vai conseguir reencontrar seu caminho. Sucesso o cara não vai nunca, em hipótese alguma, em nenhuma circunstância lógica deixar de ter. É quase um Roberto Carlos da música sertaneja, tamanha a fidelidade de seu público. É torcer para ele continuar no mesmo nível desse “Double Face”, provando a cada ano, a cada lançamento que quem é rei realmente nunca perde a majestade.

Nota: 10