Nesta madrugada, o cantor Cristiano Araújo foi detido pela polícia militar do estado de Goiás após uma reclamação com relação ao barulho oriundo de sua residência durante uma festa. A notícia foi veiculada inclusive na capa da Globo.com, um dos maiores portais do Brasil. Até alguma horas atrás, ele ainda estava na delegacia prestando esclarecimentos. Segundo as autoridades goianas, a notificação desta noite foi a sexta recebida pelo cantor por conta do barulho oriundo das festas realizadas eventualmente na sua casa. Mas por conta dos 18 decibéis acima do permitido pela lei do município de Goiânia, as autoridades acharam prudente ALGEMAR o cantor e conduzí-lo até a delegacia. Isso mesmo, ALGEMAR, por conta do barulho.
Não sei qual o teor da lei de meio ambiente referente à emissão de ruídos sonoros no município de Goiânia. Mas acho pouco provável que seja um procedimento padrão algemar o “infrator” acusado de um delito tão pequeno quando o mesmo não impõe nenhum tipo de resistência. De repente, óbvio, o crico estava armado e a notícia veiculada nas páginas policiais como se o protagonista da notícia tivesse cometido um crime tão grave quanto qualquer outro personagem de tantas outras notícias veiculadas na mesma sessão do portal.
A questão da poluição sonora e da quantidade de decibéis é um problema que assola não só o município de Goiânia, mas praticamente todo o território nacional. De um lado, moradores descontentes que prezam pela tranquilidade. Do outro, centenas de milhares de trabalhadores da noite que dependem do barulho para realizarem suas atividades. É claro que uma festa em uma área residencial não pode ser enquadrada nisso e nem isentada de todas as responsabilidades dali provenientes. O problema no caso em questão é o exagero empregado na abordagem policial e na repercussão dada ao caso.
Aparentemente, um dos reclamantes, vizinho do cantor, é simplesmente um juiz do estado de Goiás. A abordagem policial que culminou com a colocação das algemas por conta de um ato tão corriqueiro, mesmo não tendo o Cristiano Araújo reagido à prisão, neste caso, acaba sendo viciada. Não dá para fechar os olhos para o fato de que as autoridades abusaram do poder a elas conscernente. Em todas as declarações dadas pelo cantor desde o momento em que foi detido, ele se prontificou a colaborar, o que por si só torna desnecessária uma abordagem dessa natureza.
Não bastasse isso, a imprensa foi acionada e a repercussão dada ao caso, como pode ser observado nesta matéria, foi praticamente a mesma dada a casos de atentados à vida humana. O que também parece ser, e muito, uma outra atitude pensada com o intuito de tornar ainda pior a humilhação sofrida pelo cantor. “Não basta prender, tem que algemar e mostrar na capa do maior site de notícias do Brasil, pra ver se assim ele aprende“. Triste, além de absurdamente desnecessário.