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“Nashville” ““ um seriado que poderia tranquilamente se chamar “Goiânia”

“Nashville” ““ um seriado que poderia tranquilamente se chamar “Goiânia”

Já comentei por aqui algumas vezes que sou fã de seriados norte-americanos. Principalmente aqueles que não se resolvem apenas em um episódio, mas que passam temporadas ou às vezes até a série inteira para chegar ao desfecho. Acompanho um monte deles. E neste ano de 2012, uma estreia em especial me chamou a atenção: Nashville.

“Pô, Marcão, vai falar de séries agora? Não bastava encher nosso saco falando as merdas que você fala a respeito de música sertaneja?”. Bem que eu queria, amigos, mas não. É que essa série em particular trata de um assunto que muito tem a ver com o nosso universo: os bastidores da música country norte-americana. E em vários episódios, é como se estivéssemos assistindo a uma história sobre os bastidores da nossa boa, velha e conturbada música sertaneja. Fora que em quase todos os episódios temos números musicais da melhor qualidade.

A série se desenvolve na cidade que respira música country, Nashville, e se divide em três núcleos. No núcleo principal, a lenda fictícia do country Rayna James, que enfrenta os males dos novos tempos com uma queda de público em seus shows quase que diretamente ligada ao fato de ela não aceitar se adaptar ao que o público atual deseja. Seus discos, apesar de excelentes, também encalham nas lojas. A única saída apontada pelo presidente de sua gravadora para que ela evite o fim melancólico de sua carreira é começar a se misturar com a galera jovem, principalmente a cantora de sucesso Juliette Barnes, ídolo da juventude.

O núcleo da cantora Juliette Barnes, vivida pela cheerleader de Heroes Hayden Panettiere, gira em torno do modo mais peculiar com que ela conduz a carreira. Apesar de ter, sim, algum talento, a jovem cantora se encontra numa fase de absoluto deslumbramento com o sucesso. Ela sabe muito bem aproveitar o que a natureza lhe deu de melhor (a beleza e o corpo acachapantes) para conseguir o que quer de quase todos os homens da série, seja com o produtor do disco que ela surrupiou da Rayna James, seja com o músico lendário que toca há 20 anos com a Rayna e que ela tenta contratar para sua banda. Sim, ela tenta de uma forma ou de outra ser a lenda do country, que ela não admite respeitar.

No terceiro núcleo, o “enche-linguiça” da série, uma jovem e linda moça caipira, sobrinha do tal músico lendário citado nos parágrafos anteriores, que vai para Nashville para ficar com o namorado, que tenta uma carreira no country, e acaba se descobrindo, durante o trabalho como garçonete num dos principais redutos da música country na cidade, uma compositora e cantora talentosíssima, mais até do que o próprio namorado, que obviamente fica com dor de cotovelo.

Apesar da série ser voltada para o público feminino por conta das inúmeras tramas “de mulherzinha” que se desenvolvem com a música country como pano de fundo (o amor reprimido que a Rayna tem pelo seu parceiro de 20 anos, apesar dela ser casada; a rixa que ela tem com o pai por ele tentar o tempo todo dar para si próprio o crédito pelo sucesso da filha, inclusive utilizando o marido dela como marionete na política; o problema da Juliette com a mãe viciada em drogas; entre outras inúmeras tramas), alguns detalhes da série podem ser transportados quase que integralmente para o submundo da música sertaneja.

Eu não sou defensor da música country. Na verdade, nem gosto muito de associar o estilo à nossa música sertaneja por acreditar que o sertanejo não é basicamente a música country brasileira, como tanta gente insiste em dizer. Acredito sim que passamos por uma fase na qual a música country foi a nossa principal influência (os anos 90), mas tudo o que veio antes e depois disso passam bem longe da música country como estilo musical. Mas gosto de perceber as semelhanças entre o country e o sertanejo presentes principalmente em filmes e séries. Já escrevi uma vez sobre o filme “Coração Louco”, que deu o Oscar de melhor ator ao Jeff Bridges, e como alguns de seus elementos também podiam ser apontados com tranquilidade na música sertaneja. O mesmo acontece com a série “Nashville”.

Basta substituirmos as personagens femininas por cantores ou duplas sertanejas para entendermos todas essas semelhanças. Os cantores e duplas veteranas que não suportam a ideia de se adaptarem e preferem amargar o ostracismo a aceitar as imposições de um mercado em constante transformação. Os jovens cantores que se deslumbram tanto com o sucesso que deixam até de perceber a influência que os veteranos tiveram em sua formação musical, além de se valerem de métodos considerados antiéticos no meio em que trabalham para obterem o que desejam. A forma preconceituosa com que os veteranos encaram estes jovens talentos, que os fazem deixar de notar que em alguns casos, por baixo de toda a máscara de vaidade, pode existir sim algum tipo de talento. Os jovens talentos desconhecidos que estão escondidos às vezes nos mais óbvios lugares e que muitas vezes só precisam de um empurrão para mostrar tudo de bom que têm pra oferecer.

Além de conseguir enxergar diversos pontos de semelhança do universo country com a nossa música sertaneja, acompanhar a série Nashville é interessante também para perceber a forma séria com que os americanos tratam a música country, coisa que no Brasil quase não acontece com a música sertaneja. E por conta da falta de opções que temos por aqui no que diz respeito a obras de ficção que tragam o nosso segmento como tema, “Nashville” acaba sendo uma ótima pedida. Quem sabe um dia algum produtor de TV daqui não se interessa pelo formato e acaba comprando a ideia em alguma feira para adaptá-la à nossa realidade, trazendo a música sertaneja como pano de fundo. Basta mudar o nome. Ao invés de “Nashville”, “Goiânia”.