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O funk está engolindo o sertanejo. E a culpa é nossa!!!

O funk está engolindo o sertanejo. E a culpa é nossa!!!

Não é de hoje que falamos sobre o intercâmbio entre a música sertaneja e outros gêneros musicais. Na verdade, buscar influências em outras praias, por mais que os tradicionalistas reclamem, foi o que tornou o sertanejo um estilo musical centenário e capaz de se adaptar a cada época e a cada cenário social diferente. Desde que Léo Canhoto & Robertinho introduziram a guitarra ao gênero, a música sertaneja vem bebendo de várias fontes ao longo dos anos. Mas uma delas sempre causou muita controvérsia: o funk carioca.

Eu sempre fui um crítico ferrenho dessa modalidade específica de intercâmbio. É que me causa repulsa ver duplas e artistas que defendem a bandeira de um gênero romântico em essência se aventurando em músicas com linguagem tão misógina e controversa. Ainda assim, faz parte da estratégia do gênero sertanejo se aproveitar dos benefícios que um outro gênero musical pode trazer ao nosso. No caso do funk, estes benefícios seriam o público jovem, a batida envolvente (sic!) e, talvez, o sonho do reconhecimento do público carioca, que, salvo raras excessões, sempre virou as costas para a música sertaneja.

Até uns dois anos atrás, entretanto, por mais controverso que fosse, esse intercâmbio nunca tinha causado nenhum tipo de “problema”. O funknejo teve grande força por um tempo mas depois se estabilizou como um subgênero pouco explorado. E a tática de trazer a participação de um grande funkeiro nunca foi muito bem aproveitada pelo próprio gênero funk. Na época em que o Mr. Catra participava de tudo que era disco sertanejo, por exemplo, ele até ensaiou lançar ele próprio um disco sertanejo com participações, mas isso não aconteceu. E ele continuou restrito ao seu próprio mercado. Guimê foi outro que também não soube aproveitar o mega sucesso da Suíte 14, que ele gravou com Henrique & Diego, em sua própria carreira. Entre outros exemplos.

Mas as coisas começaram a mudar a partir do momento em que o gênero funk decidiu se profissionalizar. Na verdade, o funk apenas entendeu a estratégia que o gênero sertanejo usou durante os últimos 15 anos e que outros gêneros, como o forró, começaram a copiar com um certo sucesso e passou a também utilizá-la. A diferença é que o funk tem conseguido um resultado muito melhor do que o que o forró conseguiu. 

Entendam. Ao perceber o quanto a música sertaneja se aproveitava da distância cultural que havia entre o nordeste e o restante do Brasil para regravar hits do forró e, de certa forma, acabar bloqueando a chegada dos artistas de lá nos estados mais ao sul, os forrozeiros passaram a ficar mais espertos. Se o Aviões do Forró não soube colher tão bem os frutos do excesso de convites para participações em trabalhos sertanejos e preferiu não sair da zona de conforto lá de cima, um outro artista se arriscou e se tornou o maior nome da música brasileira por um tempo: Wesley Safadão. Ele sim aproveitou muito bem os convites que recebeu para cada um dos DVDs dos quais participou (nunca vi tanto sertanejo divulgando ele de graça em tudo quanto é rádio), direcionou seu trabalho para o âmbito nacional e inverteu a situação. O único problema foi que Wesley Safadão acabou vindo sozinho. Outros artistas do gênero “forró” não souberam ou não quiseram arriscar a mesma estratégia e o gênero segue ligeiramente restrito a uma determinada região do país, exceto pelo próprio Safadão e talvez pelo Aviões, que também trabalha em âmbito nacional, mas não com a mesma força.

Ah, mas o que o funk tem a ver com isso? Bom, é que ao contrário do forró, o funk não contou com um nome apenas para levantar a bandeira. A estratégia usada pelo Safadão foi “copiada” e aprimorada por um determinado funkeiro, que abriu caminho para a chegada de outros, que por sua vez tem sabido aproveitar muito melhor a porteira aberta pelo nosso mercado. Esse funkeiro atende pelo nome de Kevinho.

Assim como aconteceu com Catra, Guimê e diversos outros funkeiros ao longo dos anos, Kevinho também começou a receber uma porrada de convites dos sertanejos, que também queriam sugar um pouco do sucesso do cara, como sempre. Mas ele teve a sacada que nenhum outro funkeiro havia tido até então: também convidar os sertanejos para seus projetos. Enquanto colhia os louros da divulgação gratuita que ganhava nas costas dos sertanejos, ele próprio gravou com Matheus & Kauan e Simone & Simaria e outros nomes de peso da música brasileira e tem mostrado um trabalho num nível de profissionalismo nunca visto antes no funk. Assim ele já aproveita pra fortalecer o nome dele ainda mais junto a um público que de fato movimenta a receita do mercado de shows e eventos, o sertanejo. DJ Dennis já sacou a ideia e tratou de lançar uma música com as “patroas” Maiara & Maraísa e Marília Mendonça.

Depois dele, outros funkeiros começaram a seguir pelo mesmo caminho. O exemplo mais forte no momento é o Jerry Smith, que praticamente se mudou pra Goiânia, colou com um dos mais prestigiados produtores sertanejos, Jenner Melo, e já colhe os louros do excesso de participações que tem feito em trabalhos com artistas do nosso segmento. Outros artistas do funk também já ensaiam a mesma estratégia. E com o nível de profissionalismo que o funk tem mantido, com um capricho maior nos arranjos e um ligeiro controle no linguajar perjorativo, não é difícil que eles também consigam destaque.

É que essa inversão de valores, com o funk finalmente utilizando a mesma estratégia que os sertanejos usaram por tanto tempo, vem de encontro a um momento de crise criativa na música sertaneja. Enquanto o funk, pop e outros gêneros tem sabido falar diretamente ao público jovem, o sertanejo tem, no geral, se afastado desse público. Com o excesso de músicas sobre bebida e sofrimento, os jovens estão ficando com cada vez menos representatividade dentro do nosso gênero musical. A migração para outros estilos é, portanto, óbvia. E se são os jovens que compram ingressos para shows e que efetivamente consomem música através das plataformas digitais, adivinha pra que tipo de show eles vão dar preferência?

A “sorte” do sertanejo é o conservadorismo dos nossos contratantes. Imagina se o contratante da feira agropecuária de uma cidade essencialmente rural vai querer arriscar colocar um show de um funkeiro na grade, mesmo com tanto sucesso? Difícil. Ainda assim, os escritórios sertanejos já começam a se antecipar a essa possível realidade. Kevinho assinou com a Audiomix e já tem feito vários Villamix. A Audiomix também fechou parceria com o Kondzilla, a maior plataforma de lançamento de músicas do gênero funk. E outros empresários sertanejos também já trataram de colocar alguns funkeiros debaixo das suas respectivas asinhas.

O funk já engoliu o sertanejo, afinal? Não. Mas está caminhando pra isso. E enquanto o sertanejo não perceber que ele próprio tem afastado o público jovem com tanta “sofrência” (meu Deus, como odeio essa palavra), as chances disso acontecer só aumentam. Ainda mais depois que ensinamos direitinho o beabá do mercado pra eles.