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O melancólico fim da MTV e o que isso tem a ver com a gente?

O melancólico fim da MTV e o que isso tem a ver com a gente?

Há alguns dias o Brasil assistiu (aliás, alguns gatos pingados assistiram) à última transmissão da MTV em canal aberto. A Abril, detentora dos direitos de transmissão de um dos mais famosos canais de música do mundo, simplesmente desistiu de continuar o trabalho e devolveu os direitos de transmissão à detentora original, a Viacom, que iniciou a transmissão da MTV num canal fechado, disponível apenas em TVs por assinatura, logo depois do encerramento das transmissões em canal aberto.

“Porra, Marcão, o que isso tem a ver com o Blognejo?”. Diretamente nada, na verdade. Mas mesmo assim acho interessante falar a respeito. É que o tratamento dado pela MTV brasileira, sucursal do “maior canal de música do mundo”, à música sertaneja e a outros gêneros populares nunca foi lá grande coisa. Com o sertanejo, aliás, ele nunca foi NADA, isso sim. E não dá pra pensar que o fim do canal não está diretamente ligado ao descaso que seus diretores sempre tiveram com os gêneros populares. É aí que a gente entra.

A MTV Brasil, assim como a original americana, passou por momentos nos quais era totalmente possível considerá-la formadora de opiniões e espelho da cultura jovem brasileira. Os Acústicos MTV fizeram história, ressuscitando bandas dos confins do anonimato para a glória da venda de milhares ou milhões de cópias, como foi o caso do Capital Inicial, do Kid Abelha e de tantas outras que, antes de gravarem o especial da MTV, amargavam o insucesso e o esquecimento do público.

A MTV ajudou ainda a promover bandas em início de carreira. E os clipes de bandas de rock nacionais até hoje são de fato os mais criativos do mercado musical no Brasil. Ouso dizer, inclusive, que é difícil um clipe sertanejo, por melhor que seja, superar os bons clipes de rock das bandas brasileiras. Isso mesmo após tantos anos. Enfim, a MTV era de fato o veículo que determinava o que o jovem brasileiro de classe média da década de 90 ouviria.

Acontece que a partir da década de 2000, começamos a testemunhar no Brasil uma mudança drástica no estilo de música consumido pela parcela de jovens brasileiros que até então ouviam o que a MTV promovia. O pop rock consumido pelos jovens durante a década de 90 começou a ser substituído por estilos mais populares, principalmente o sertanejo. O problema é que a MTV simplesmente se recusou a aceitar essa mudança. Ora, como poderia uma grande rede de TV que se orgulhava por determinar o que o jovem brasileiro consumiria em se tratando de música reconhecer que essa função já não era mais por ela exercida?

A partir de então, o que se observou foi uma substituição gradual da programação musical da MTV por uma programação mais voltada para o humor. O maior canal de MÚSICA do Brasil acabou se tornando de fato o maior canal de HUMOR, revelando humoristas como Dani Calabresa, Marcelo Adnet, Tatá Werneck, entre outros. E a música foi aos poucos sendo deixada de lado na programação.

Ainda assim a diretoria teimava em afirmar, quando questionada, que estilos populares como a música sertaneja não tinham nada a ver com o público do canal. Ora, a MTV foi o canal que durante anos comandou o gosto musical dos jovens brasileiros de classe média. Em certo momento, entretanto, esse gosto musical passou a ser modificado sem a participação da MTV. Os jovens passaram a se interessar por estilos musicais mais populares. Como é possível, então, que esses estilos não tenham nada a ver com o público do canal se foi esse próprio público que elegeu esses estilos como a nova música jovem brasileira?

A MTV ignorou fenômenos de popularidade entre os jovens como Luan Santana, Jorge & Mateus e outros, e se limitou a fugir da proposta inicial do canal, que teoricamente era representar a música do jovem brasileiro, para modificar toda a sua programação a fim de mendigar traços no ibope para se manter no ar. O fato é que a MTV começou a degringolar a partir do momento em que resolveu ignorar a voz do jovem, talvez porque uma parte dos diretores nutria algum tipo de preconceito ou algo do gênero contra os elementos que se inseriram na cultura jovem nos últimos anos. O jovem brasileiro de classe média passou a curtir funk, pagode e, principalmente, música sertaneja. O resultado foi o que assistimos há alguns dias: o fim melancólico do que foi um dia o maior canal de música do Brasil.

Não vou ser o cara que reclama da falta de espaço para a música sertaneja na MTV ou que esbraveja contra a falta de atrações sertanejas no Rock in Rio mas que ao mesmo tempo acha um absurdo a presença de uma banda de rock ou atração pop internacional em Barretos, por exemplo. Só resolvi escrever esse texto pra expor esse ponto de vista. No fim das contas a MTV foi corajosa. Aguentou até onde deu a sua derrocada sem se “vender” para a nova cultura jovem brasileira. Mas isso lhe custou a existência. Bom para o Multishow, que segue apostando em gêneros populares e está aí cada vez mais sólido, caminhando lado a lado com os jovens.