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Review – César Menotti & Fabiano – Ao Vivo no Morro da Urca

Demorei, mas finalmente estou dando início à série de reviews do ano de 2013. Acho que fico adiando esses textos porque costumam ser os que mais me rendem dores de cabeça por conta da eterna rivalidade entre fãs e da crença que eles têm de que seu artista é incapaz de lançar um trabalho ruim uma vez ou outra. Esperei acumular um pouco a quantidade de DVDs e CDs lançados em 2013 para que eu pudesse estabelecer um padrão de notas um pouco mais confiável. É que quando escrevo sobre um trabalho logo no começo do ano, as notas dos reviews seguintes acabam tendo que ser baseadas na nota deste primeiro. Mas agora, como já tenho vários discos para resenhar aqui, todos devidamente organizados aqui na minha gaveta na ordem do melhor para o “pior”, vai dar pra ser um pouco mais preciso nas notas, apesar de que continuarei eternamente insistindo no fato de que a nota no final é só a cerejinha do bolo. O que vale mesmo é o conteúdo do texto e a análise completa dos referidos trabalhos, apesar de eu ter consciência de que não adianta nada eu falar isso porque os bocós sempre vão botar a nota em evidência. Mas enfim…

Para começarmos os trabalhos, falaremos sobre o novo DVD da dupla César Menotti & Fabiano, gravado ao vivo no Morro da Urca, no Rio de Janeiro. Trata-se de um DVD altamente simbólico, por vários motivos. O primeiro é o longo período de tempo desde o último disco, “Retrato”, em 2010. Em segundo lugar, é o primeiro disco lançado após a morte do pai da dupla, que era tido como o principal apoiador da carreira e esteio moral. Talvez por isso a demora para o lançamento de um novo disco. Em terceiro, pelo fato de a dupla comemorar com este disco 10 anos de carreira. Quarto, porque trata-se de um disco lançado após um que não foi muito bem recebido. E quinto, por ser um DVD gravado num dos locais mais improváveis do Brasil para a gravação de um projeto sertanejo: no alto do Morro da Urca, cartão postal mundial do Rio de Janeiro e cuja história cultural já chega aos 100 anos. Talvez este último seja o mais forte dentre os motivos que tornam este disco tão simbólico.

Atentando ao que eu apontei como quarto motivo para o simbolismo, este DVD acabou se tornando uma chance da dupla provar que tem, sim, a capacidade de conduzir a própria carreira, tanto nas questões administrativas quanto nas questões musicais (esta parte por conta do César Menotti). Como eu disse, o disco anterior não foi tão bem aceito no meio, talvez por ser o primeiro disco da carreira da dupla feito sem a participação do Maestro Pinnochio, que até hoje é tido por muitos profissionais do circuito sertanejo como um dos maiores responsáveis pelo sucesso de César Menotti & Fabiano. Na esfera administrativa, também, a dupla (leia-se o trio César, Fabiano e Fábio) passou já há algum tempo a tomar as próprias decisões, desde que se desvinculou do empresário anterior, mais ou menos na época do lançamento do disco “Retrato”. Há algum tempo passaram a contar com o apoio do grande Pedro Motta, um dos maiores profissionais de entretenimento do Nordeste. Mas o que tem ficado evidente desde o disco anterior é que a dupla, junto com o irmão Fábio, passou a conduzir as rédeas e tomar as próprias decisões.

Por conta dessa incrível quantidade de elementos de certa forma inesperados é que se abstrai a importância deste novo trabalho, principalmente para a dupla. Quase 3 anos de hiato desde o último disco serviram como um período de reorganização. Alguns chamariam de período sabático, o que provavelmente a religiosidade da dupla repudiaria. E um mercado tão acelerado como o atual mercado sertanejo estava, ainda que sutilmente, pressionando a dupla para que ela desse logo o próximo passo. Afinal trata-se da dupla que instaurou a realidade “universitária” na música sertaneja, o que acabou dando origem a quase tudo o que se ouve hoje em dia no segmento. O problema é que, principalmente por causa disso, esse não podia ser um passo qualquer.

A escolha do local da gravação por si só já representa uma decisão incrivelmente acertada. Se a dupla Cesar Menotti & Fabiano foi a responsável por consolidar a modernização da música sertaneja e por aproximá-la de um público que até então evitava ou repudiava o gênero, nada mais coerente do que gravar um DVD num dos maiores pontos turísticos de uma das cidades mais avessas à música sertaneja, talvez a mais. Alguém aí já parou pra imaginar o que significa cantar “O mineiro e o italiano” no alto do Morro da Urca? É a representação de um lugar que, em teoria, jamais aceitaria uma dupla caipira envergonhando os amantes de samba e bossa nova cantando uma música sobre a roça que nada tem a ver com a realidade carioca. Mas aconteceu. E foi gravado em DVD. E isso não dá mais pra apagar.

Outro aspecto interessante e correto do disco foi a sua aproximação às características do trabalho que estourou a dupla, o primeiro DVD, gravado em BH. Algumas das principais músicas daquele disco (“Caso Marcado”, “Como um Anjo”, “A Carta” e “Bão tamém”) estão presentes neste novo disco, o que salienta ainda mais essa similaridade entre os dois discos. Ele também tem um caráter mais intimista, com um cenário mais enxuto, característica também presente no primeiro DVD. Mesmo levando a assinatura da Joana Mazzucchelli na direção visual, que costuma utilizar cenários muito mais grandiosos, o visual do disco acabou ficando mais enxuto. E se levarmos em conta que o disco é, como aparenta, uma tentativa de recomeço ou de volta às origens, nada mais correto que um cenário mais simples.

A escolha do repertório também remete mais às origens, com algumas vaneiras à frente das outras músicas do disco no que diz respeito ao potencial comercial, principalmente “Estressada”, “Não era eu” e “Porque não liga pra mim”, cuja harmonia remete á do “Leilão”. A música “Dois corações”, que traz a participação de Jorge & Mateus, é a que carrega em si mais elementos da fase universitária e talvez por isso tenha ficado a mais pop do disco. Mas a grata surpresa (e mais uma vez uma “homenagem” ao primeiro disco) é a presença no repertório de 6 músicas de raiz divididas em 3 faixas. Repetindo o que eu disse há pouco, nada poderia ter um significado maior do que o ato de cantar músicas sertanejas de raiz no alto do Morro da Urca.

A adaptação à atual realidade ficou por conta dos arrochas introduzidos no disco, principalmente o “Amor em Dobro”, que a dupla tinha gravado como participação no disco de Ricardo & João Fernando e agora introduziu no próprio repertório, com a inusitada mas celebradíssima participação de talvez um dos maiores símbolos cariocas da mídia, a Preta Gil. O pupilo da dupla Santorine também participa do DVD cantando a ótima “Revanche”e o grupo Sorriso Maroto canta “Tomou de assalto”.

Musicalmente, o áudio ficou bem rústico, na falta de uma expressão melhor. Não falo isso como crítica, pelo contrário. 95% dos discos sertanejos atuais são mixados e masterizados ou pelo Ivan Miyazato, ou pelo Cláudio Abuchaim, ou pelo Alexandre Gaiotto, ou por alguma outra marcante figura da área técnica do atual mercado sertanejo. Apesar da absoluta competência de todos eles, não dá pra negar que o áudio sertanejo atual meio que se padronizou, né? Este DVD da dupla Cesar Menotti & Fabiano, entretanto, foi mixado e masterizado por profissionais desconhecidos no meio sertanejo, o que garantiu uma sonoridade mais particular. E a dupla parece ter priorizado realmente um som mais cru, com poucas ou talvez nenhuma correção posterior ou pré-produção. Pelo menos é isso que ressalta aos ouvidos. A viola caipira soa a mais natural possível, assim como os acordeons e os solos de violões.

Lavando a alma com relação ao disco anterior, creio que este sim será, como realmente vem sendo, muito mais elogiado e aceito no meio sertanejo, que parece ter abraçado mais uma vez a dupla. São constantes os elogios e demonstrações de apoio por parte de diversos profissionais do meio, o que comprova o carinho, respeito e admiração que o mercado tem para com eles. Este disco é completamente digno do retorno em grande estilo após tanto tempo de hiato. E aquela que parece ter sido a maior preocupação da dupla, dada a quantidade de menções durante o disco e os extras, foi superada sem qualquer problema: com certeza o seu Toninho do Ouro está muito orgulhoso, onde quer que ele esteja.

Nota: 9,0