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REVIEW: Zezé di Camargo & Luciano – Dois Tempos

Zezé di Camargo & Luciano completam 25 anos de carreira e continuam trabalhando exatamente da mesma forma de sempre. Um CD de estúdio por ano, que de alguns anos pra cá começou a ganhar também uma versão em DVD meses depois, geralmente no ano seguinte. César Augusto sempre a postos para deixar o disco com a cara e a identidade do Zezé di Camargo, mesmo que ela tenha mudado um pouco ao longo dos anos. Adepto assumido da máxima de que “em time que está ganhando não se mexe”, Zezé não gosta de sair muito da sua zona de conforto. Ainda assim, e mesmo obedecendo a todas as regras que fomentam suas decisões profissionais, o novo disco, “Dois Tempos”, acaba sendo uma sutil tentativa do Zezé de buscar novos ares e colocar o pé um pouco pra fora de casa para, quem sabe, sentir a brisa.

Pela primeira vez na carreira da dupla, um disco conta com a produção de outros nomes que não apenas César Augusto. É claro que os mais diversos arranjadores já deram sua contribuição ao longo dos anos, mas é uma das, senão a primeira vez que outros produtores são creditados em um disco de Zezé di Camargo & Luciano. Em situações normais, a dupla geralmente permitia a um compositor assinar também o arranjo da sua canção, o que, no fim das contas, acaba sendo a produção da música. No novo disco, a dupla buscou novos talentos para a produção, no melhor estilo gringo de criação de um disco. Fora o César Augusto e o Hélio Bernal, outros 5 produtores diferentes assinam a produção: Blener Maycom em 4 faixas, Kiko (o do KLB) em 2 faixas, e Vinícius Leão, Felipe Duran e Sandro Coelho em 1 faixa cada.

Daí o nome “Dois Tempos”. É a primeira vez que Zezé di Camargo & Luciano se permitiram absorver influências da nova geração nos arranjos de suas músicas, o que rendeu uma presença maior da sanfona em boa parte do disco, por exemplo, bem como de canções numa pegada mais moderna, como a bachata. Bem, na verdade Zezé já era um precursor da bachata moderna (“Você vai ver” e “Pão de mel” são, afinal, bachatas), mas ainda não haviam gravado nenhuma com essa linguagem mais contemporânea. Sem falar de vaneiras e outros ritmos mais comuns aos artistas da nova geração.

Isso também se deve a uma tardia porém importantíssima abertura de portas do Zezé em outra frente: a do repertório. Talvez pela boa experiência com as músicas “O Defensor” e “Flores em Vida”, Zezé di Camargo & Luciano escancararam, no disco “Dois Tempos”, os portões para novos nomes da composição, fugindo dessa vez do lugar comum de sempre dos discos anteriores. Ainda que o trabalho conte com a presença de veteranos como o próprio César Augusto, Reinaldo Barriga, Cecílio Nena, Paulinho Rezende, Paulo Debétio (todos em regravações) e do Tivas, Fátima Leão e Alexandre em canções inéditas, o disco é marcado pela presença maciça de composições assinadas por nomes importantes da nova safra, como Danillo Dávilla, Thales Lessa, Élcio de Carvalho, Junior Pepato, Lari Ferreira, Os Nonatos, Thainá Cardoso, Euler Coelho, Thiago Machado, Santanna. A consequência disso é um disco com uma linguagem nas letras mais atual, moderna.

É claro, no entanto, que a identidade do Zezé ainda é o grande diferencial da dupla. A minha música preferida do disco, por exemplo, é a única composta pelo próprio no projeto e que, ainda por cima, traz a participação histórica de Jorge & Mateus. Tirando as frases bobinhas faladas durante a intro e no meio da música, “Intenso” é um colosso, belíssima do começo ao fim e com uma linguagem absolutamente clássica, bem diferente de tudo o que Jorge & Mateus já gravaram na vida. Sem falar que coloca um ponto final definitivo em uma polêmica entre as duas duplas, iniciada há alguns anos após algumas declarações em entrevistas sobre os rumos do mercado sertanejo.

Ainda sobre os arranjos do disco, levando em conta que ele está dividido quase meio a meio, com 8 músicas assinadas pelo César Augusto e 9 pelos novos produtores, há uma notável disparidade na sonoridade, sim. Na parte mais “tradicional” do disco, percebemos um acerto fenomenal em “Intenso”, mas uma manutenção da linguagem comum à dupla nas outras faixas, o que promete agradar aos fãs mais antigos. Já na parte “moderna” do disco (entendam que a diferença entre “tradicional” e “moderno” se refere aqui apenas aos produtores que assinaram as faixas), há uma preocupação em trazer o máximo de referências atuais possíveis. Felipe Duran acertou em cheio no arranjo de “Amor de Motel”, canção já gravada por Fred Liel. Blener Maycom também trouxe o máximo possível da sua própria linguagem às faixas que produziu (a vaneira “Eu vou” tem uma bateria muito bem gravada e contagiante, aliás), bem como Vinícius Leão e Sandro Coelho, que assina a produção de um rasqueado tradicional sobre a saudade da vida no campo. Os únicos desvios, grotescos por sinal, são as músicas “Pode ser um sinal” e “Já foi nosso tempo”, compostas e produzidas pelo Kiko do KLB. A pobreza dos arranjos dessas duas músicas não condiz nem de longe com o restante do disco. Totalmente antiquadas e muito abaixo da média.

O disco traz, claro, alguns elementos comuns a outros trabalhos da dupla. O lado fã do Zezé aparece de novo em mais uma regravação do repertório de Chrystian & Ralf: a belíssima “Falta Alguma Coisa” (“Saudade”, “La Cautiva”, “Labirinto”, “Solidão em seu lugar”, “Noite de tortura” e outras da dupla já foram revisitadas por Zezé & Luciano em seus discos). E, mais uma vez, o repertório traz uma canção em língua estrangeira, “The Prayer”, que Zezé canta com a filha Wanessa, ela em inglês e ele em italiano, o que não condiz muito bem com o atual momento vivido pela Família Camargo e escancarado em todos os tablóides brasileiros.

Apesar de ser vendido como tal, não dá pra encarar o projeto “Dois Tempos” como um preparativo para o trabalho que vai comemorar 25 anos de dupla. A não ser que este futuro projeto seja, de fato, produzido de modo a inserir de uma vez por todas a dupla Zezé di Camargo & Luciano na nova linguagem sertaneja, que até então eles evitavam a todo custo. Levando por esse lado, “Dois Tempos” já prepara muito bem o terreno. Bom, pelo menos o disco acaba com toda a desconfiança que a dupla tinha com relação à nova música sertaneja. Ao contrário, dessa vez a dupla abraça muito bem o novo, ainda que em apenas um dos dois tempos do título.