Na próxima segunda, 08 de março, comemora-se o “Dia Internacional da Mulher”. Ainda é muito cedo, terça-feira, mas conheci hoje uma história muito interessante, relacionada á música sertaneja e, vivida por uma mulher. E que mulher!
Roberta Miranda dispensa apresentações, uma das poucas representantes do sexo feminino nesse mundo sertanejo machista. Vitoriosa, vencedora, apresenta-se no dia 17 ao lado do rei Roberto Carlos no show “Emoções Sertanejas”, para mostrar que, com obstinação, vontade e talento é possível vencer.
O texto abaixo foi extraído da biografia da cantora, em seu site pessoal.
“Continuei na minha vida de crooner, até que me aconselharam a ter cuidado com a noite, porque termina por criar alguns vícios perigosos para o canto. Parei por três anos. Enquanto isso trabalhava como maquiadora, assistente de estúdio, qualquer coisa que me permitisse comer e compor. Fiz 400 composições e bicos que me aproximavam dos artistas, das gravadoras, para oferecer as minhas músicas. Até que um dia mostrei “Majestade, o Sabiá”, numa gravadora. Eles gostaram muito e resolveram gravar. Foi um super sucesso e Jair Rodrigues vendeu quase um milhão de discos.
Ainda não havia chegado a vez da cantora Roberta Miranda, mas a compositora fora reconhecida. Era um começo, pensei.
Finalmente, gravei o meu primeiro disco. Eu tinha tanta sede, tanta vontade de vencer que perguntei ao meu maestro, Nelson Oscar, quantos discos teria que vender para que a gravadora me desse a oportunidade de gravar o segundo disco. Ele falou: “Roberta, para você pagar todo os custos terá que vender 5.000 cópias”. Eu pensei: “Vendo de porta em porta, vendo para minha família, vendo para os meus amigos”, cheia de empolgação.
De repente, lancei o disco que tem a música “São tantas coisas”, como carro chefe. Viajei durante oito meses, por todo o Brasil divulgando o trabalho e um dia cheguei à fábrica da gravadora Continental e vi um caminhão carregado de discos. Eu, na maior simplicidade, cheia de curiosidade, comentei com o carregador: “Nossa, quantos discos!…Quantos têm aí? E ele respondeu que eram 100.000 cópias.
“Quem é o artista?”, Perguntei.
-É tudo SEU, Roberta Miranda…
Fiquei parada, levitando, sentindo o chão fugir. Não sabia se chorava, ou se ria.
Depois de tanto me degladiar com o machismo, o venci às custas do meu talento e do desafio de dizer uma frase de extrema simplicidade e de grandes implicações. Não é fácil dizer EU QUERO. A mulher nasceu com todos os requisitos para ser vencedora. Só precisa tomar conhecimento do valor que representa a coragem de querer.”
É de se arrepiar, não é mesmo?