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Você é compositor? Que legal. E trabalha com que?

Você é compositor? Que legal.  E trabalha com que?

O Thiago Elias já se tornou um colaborador habitual do Blognejo. Um de nossos leitores mais ativos e assíduos. Abaixo, mais um texto dele, a respeito das mazelas da vida de cantor/compositor em início de carreira.

A frase é manjada, antiga, nada original. Eu sei. E tem variações para algumas outras áreas no segmento musical, como “˜músicos”™ por exemplo. Também sei. Mas é real. Aí, revoltado com o desrespeito à classe (desunida, digo de passagem), me vejo entre duas vertentes as quais posso me apoiar para, em seguida, criticar com força. Uma delas, apenas para citar, é a já famigerada discussão em torno da lei SOPA e toda a revolta que ela vem causando entre os envolvidos. Na verdade, acho que todos são envolvidos. Direta, ou indiretamente, todos serão afetados. Os que trabalham com internet, e os que a utilizam para qualquer outro fim. Mas, sobre isso, não irei discutir. Já tem muita gente discutindo, o que é muito positivo.

Quero abordar aqui a relação que existe entre o nosso trabalho (sim, acredite, é um trabalho) e alguns artistas. Principalmente vocês, artistas que estão começando agora. Existe um velho bordão que atravessa gerações. Você já deve ter ouvido por aí (e talvez falado) que “quem canta de graça é galo”. Não? Pois é.

Já fui cantor da noite, já carreguei caixa de som nas costas, já aguardei o “término interminável” das baladas a espera daquele cachezinho miserável do qual dependia e pelo qual trabalhava. Já viajei em carro ruim, já passei noites sem dormir, já passei dias dormindo, já comi lanche estragado na rua e já fiquei sem comer. E com todo esse histórico, ainda tinha que ouvir “˜contratantes”™, “˜empresários”™ e afins “˜oferecendo a oportunidade”™ para nos apresentarmos no seu evento. Com uma condição; de graça. “Sabe como é, né? É a primeira vez que contrato vocês, preciso conhecer o show, ver qual vai ser a reação do público, etc. Depois, a gente acerta novas datas e combinamos o cachê.” Aí, na minha cabeça já cansada, passava o filme das dificuldades que todos passam quando correm atrás de um sonho. Faz parte, não é? E você, que está lendo aqui e trabalha com música na noite; já ouviu isso?

Pois então. Dói, não dói? Você se sente mal, inútil, pequeno (o que de fato é, mas sentir isso esfregado na sua cara dói mais do que saber). Você pensa em desistir, pensa em aceitar (quando não aceita) e pensa em alguma forma de não aceitar sem “˜chatear”™ ou aborrecer o super contratante. Tudo isso, porque você respeita o seu trabalho. Você faz tudo o que faz (artista) pelo seu público, pelas pessoas que te apóiam, pelo seu sonho. É por isso que você supera todas as dificuldades, luta incansavelmente, batalha. Mas as vezes, mesmo com todo esse comprometimento seu com o seu público, você tem que negar. Não dá pra trabalhar de graça. Se não tem família, você tem equipe, músicos, pessoas que estão diretamente envolvidas com o seu trabalho e que também precisam receber. Você tem obrigações com as quais tem que cumprir, financeiramente. E por isso, você se recusa a trabalhar sem receber. Eu sei o que é isso, e apóio vocês.

Agora, vejamos o nosso lado. O do compositor.

Enquanto todo o trabalho que você faz é para o seu público, o que fazemos é para você. Um compositor sem o artista não é nada. E nunca será. É pelo seu trabalho que nós, andando pela rua, sacamos o celular rapidamente do bolso e gravamos aquela idéia de melodia, ou expressão popular, que depois vamos tentar desenvolver e transformar em música. É pelo seu trabalho que nós passamos horas pensando na melhor nota, na frase que encaixaria melhor, na palavra que entrou, mas que não nos satisfez. E por isso, vamos ainda lutar com ela por algumas longas horas, dias quem sabe. É pelo seu trabalho que corremos atrás dos shows de vocês, com nossos CD´s, às vezes implorando pra entrar no camarim pra entregar em mãos o que fazemos. Gravamos, produzimos, editamos, gastamos dinheiro, divulgamos diariamente em e-mails, redes sociais, sites. Tudo pensado, executado e destinado a vocês. É pensando no trabalho de vocês que os compositores trabalham.

E aí, em algum momento, com toda essa dificuldade, nos deparamos com pedidos feitos por vocês a nós; “Libera de graça vai?! Sabe como é, estamos começando, já gastamos um monte com produção, arte gráfica, fotos, duplicação, divulgação.” É assim que acontece. Trabalhamos por artistas que investem setenta, oitenta, cem mil reais em produção, gravação, divulgação, etc.. E não gravam nossa música por falta de “˜verba”™. Como se, sem a música, alguma produção, gravação ou divulgação existissem. Tudo começa ali, no papel, batucando, empunhando seu violão, na inspiração de alguém que também tem um sonho, assim como você. E por mais intrigante (ao menos pra mim) que isso possa parecer, alguns não nos vêm dessa forma.

E sabe o sentimento que cabe, nessa hora? Dúvida. Será que o que fazemos, e que nós julgamos ser tão importantes pra nós, não é de fato tudo isso? Talvez seja mais fácil do que pensamos. Talvez todos possam fazer o que fazemos, porém não o fazem porque tem o compositor, que libera de graça. Será que é isso?

Não estou aqui para defender o “˜livre comércio das músicas fabricadas em busca de dinheiro”™. Não sou mercenário, comerciante de música, varejista, vendedor de composições, ou algo do tipo. Sou um compositor. Sou uma parte da engrenagem da qual você cantor, o produtor, o divulgador, o músico, fazem parte também. E sou absolutamente apaixonado pelo que faço, pela forma com a qual trabalho, pela arte que defendo com todas as minhas forças. A satisfação que a realização de um trabalho bem feito me proporciona é eterna. O lucro (financeiro) que esse trabalho me trás não é. Porém não vivo de amor.

Não bastassem todas as dificuldades que nós também enfrentamos para que esse nosso trabalho chegue a vocês, também temos responsabilidades financeiras. Tenho escritório, estúdio, editora para pagar. Tenho água, luz, comida pra comprar. Tenho carro, esposa e filho pra sustentar. E isso não é música. É realidade.

Dedicamos-nos a vocês, respeitamos vocês, e trabalhamos por vocês. O que defendo aqui é apenas o mesmo tratamento. Não existe música sem o artista, e também não existirá artista sem a música.

Juntos, seremos alguma coisa, separados jamais. Não somos menos, e não queremos ser mais. Somos sim o início e estamos lutando pelo nosso sonho, assim como você também faz.