Quando eu e meu irmão tomamos a decisão de seguir em frente com nosso sonho, vimos que precisávamos de equipamento. Ganhei uma viola e comprei um violão usado de um amigo meu de faculdade e convencemos meu pai a investir num equipamento de som simples, pra tocarmos em barzinhos e similares. Já tinha se passado muito tempo, anos e anos tocando apenas em reuniões de família e amigos. Eu já estava com meus 21 anos e meu irmão, com 17. Era hora, finalmente, de dar um passo adiante.
Como eu dissera antes, várias pessoas gostavam de nos ouvir cantar. Um dia, fomos apresentados a uma moça que dizia ser produtora de eventos. Passamos a freqüentar a casa dela. Dizia que seria nossa produtora exclusiva e elogiava muito as minhas composições. Tanto que chegava a pedir pra fazer músicas pra ela. Eu passei a estranhar quando ela, mesmo com namorado (que hoje é muito amigo meu), passou a dar em cima de mim descaradamente. Fiquei sabendo depois que ela dava em cima do meu irmão também. No fim das contas, fui saber: ela não era produtora, era secretária de um produtor, e ainda por cima gostava de dar em cima de caras bem mais novos (ela tinha 32 na época). Não que ela fosse feia, é que eu já tinha namorada na época (com quem vou me casar no início do ano que vem). Resumindo, a mulher era chave de cadeia.
No entanto, algo de positivo acabou saindo dessa breve relação de negócios. O namorado dela nos apresentou a um cantor da cidade que também fazia trabalhos como produtor musical em sua própria residência. Acabamos decidindo por gravar nosso primeiro CD com ele. Não era um grande produtor, mas para o que a gente queria pra começar a divulgar, tínhamos a ilusão de que estava bom.
Gravamos um CD com 13 músicas, sendo quatro inéditas de minha autoria (uma em parceria com meu irmão). Ao final de tudo, o CD saiu bem mais caro que o projeto inicial. Gastamos cerca de R$ 3000,00 numa produção que poderia ter saído pela metade do preço. É que ainda éramos novatos e o que o produtor dizia a gente acreditava. Pra se ter noção, ele disse que tinha contratado um cara pra gravar saxofone em uma das canções, outro para o acordeom, outro para a bateria em quatro canções. Só que nenhum desses instrumentos foi gravado. Ele gravou no teclado (que simula o som de todos os intrumentos) e disse que tinha sido com o instrumento original. Mas como éramos leigos no assunto, caímos feito patinhos no papo dele.
O mundo é assim mesmo, tem sempre alguém querendo se dar bem às custas dos outros. Mas até que rendeu alguma coisinha. Ele passou a indicar o nosso nome em bares onde ele tocava e começamos a ser chamados pra cantar na noite uberlandense.
Continua na semana que vem…