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Manifesto pelo fim do CD Ao Vivo Fake

Manifesto pelo fim do CD Ao Vivo Fake

O sucesso da música sertaneja a partir da fase universitária, representada principalmente pelos discos ao vivo, e a aproximação da música sertaneja com o público jovem consolidaram no mercado uma prática inicialmente interessante: a de incluir ambiência de público em discos gravados em estúdio. A idéia era trazer também para os CDs toda a mágica transmitida nos DVDs ou dos shows. O artista que não queria gravar um DVD podia simplesmente gravar um disco em estúdio e incluir a voz do público, a gritaria, a energia. Essa era a palavra: “energia”. É comum pensar que os discos ao vivo trazem uma energia muito mais contagiante que a dos discos simples de estúdio. No início até que era legal. Mas será que ainda é?

Quando a prática começou a se tornar comum, a diferença de qualidade entre as produções começou a ficar evidente. Alguns produtores são escandalosamente mais preguiçosos que outros. Enquanto uns tinham o cuidado de colher as vozes do público da forma menos artificial possível, fazendo as gravações nos próprios shows dos artistas ou levando o público pra dentro do estúdio e gravando quantos takes fossem necessários, outros se contentavam em vasculhar a internet atrás de efeitos sonoros que imitavam uma multidão. E depois montavam um loop no qual aquele som de multidão se repetia durante todo o disco. Alguns discos acabavam ficando com o loop tão curto que a repetição do som da multidão ficava mais do que evidente.

A multiplicação dessess discos ao vivo fakes de péssima qualidade acabou fazendo respingar nos de boa qualidade uma certa implicância por parte do público. Já de algum tempo pra cá, sempre que sai um novo CD ao vivo “fake” essa parcela do público já reage com indignação, com frases como “o disco até que é legal, mas não aguento mais essa platéia falsa“. No começo, eu até que era um defensor da prática. Mas daí passou um ano, depois dois, depois três, e o que era criativo e interessante acabou ficando enjoativo e irritante. Hoje, incluo-me nessa parcela do público que não aguenta mais dar o play num CD e ouvir gritaria de público ao invés da música pura.

Mas prestem atenção. Por mais estranho que pareça para alguns, ouvir o áudio de um DVD gravado com público ainda é tolerável. Afinal de contas sabemos que aquilo foi de fato gravado conforme estamos ouvindo. Agora, quando ouvimos um CD Ao Vivo fake a implicância não é só por conta do público gritando, mas também por sabermos que o disco foi gravado em estúdio e não num show e que aquele povo todo gritando foi gravado depois, ou seja, estamos praticamente ouvindo uma gigantesca mentira.

Quem entende um pouco mais de música, isto é, músicos e demais profissionais da área, a reclamação acerca dos CDs Ao Vivo fakes geralmente está relacionada ao fato de que a ambiência do público atrapalha a audição do que realmente interessa. Querendo ou não, um disco de estúdio geralmente tem mais detalhes do que um disco gravado ao vivo. Nos DVDs, em teoria, criam o arranjo, ensaiam a banda e no dia do evento metem ficha e pronto. Profissionais de música gostam de ouvir esses detalhes a mais presentes nos discos de estúdio. Mas como ouvir esses detalhes com a gritaria do público atrapalhando?

A justificativa dos produtores e artistas para o uso dessa prática sempre foi a mesma: o povo gosta, o povo quer. Até algum tempo atrás, até que essa justificativa era aceitável. Lançar um CD de estúdio sem a ambiência do público era uma atitude arriscadíssima. Poucos foram os artistas nesses últimos 10 anos, pelo menos, que fizeram isso e se deram bem. Alguns artistas dessa geração sertaneja atual (a tal universitária), aliás, NUNCA lançaram um disco de estúdio sem ambiência.

O pior de tudo com relação a essa prática é que infelizmente ela ainda é usada para agradar o grande público, que em teoria é leigo quando o assunto é música. O povo não está interessado em ouvir os detalhes da produção, os instrumentos, os arranjos. Pelo contrário. O povo só quer saber de letra, voz e ritmo. Apesar de atualmente alguns artistas estarem começando a se arriscar em discos de estúdio sem ambiência de público, ou pelo menos em singles lançados entre um disco e outro, essa não parece, ainda, ser uma tendência. Lamentável, mas não parece mesmo.

Resta aos admiradores da música na sua essência, como eu, cruzar os dedos e torcer para que essas poucas músicas lançadas sem público façam sucesso, para talvez influenciarem os lançamentos de estúdio seguintes. Que as músicas ao vivo sejam mesmo ao vivo e não mais uma mera montagem. Sei que ainda parece difícil, mas não custa torcer, né?