Enfim retomando os trabalhos depois de 20 dias de intensa correria por diversas cidades do país. Uma delas foi Campo Grande, onde estive há duas semanas para gravar algumas entrevistas e acompanhar a gravação deste que deve ser, de longe, o DVD que melhor representa até hoje o segmento “bruto” da música sertaneja.
Manutti subiu ao palco da antiga Wood’s, em CG, e gravou o seu primeiro DVD. Não é exagero quando alguém diz que ele é bruto de fato. O cara é rústico até o osso, não como a gente costuma ver por aí, mas rústico mesmo, sem firula, totalmente autêntico, sem politicagem. Gravei uma entrevista com ele no dia seguinte à gravação e logo vocês poderão conferir na íntegra o que estou dizendo. Na medida em que seu nome for crescendo, sua postura artística deverá ser motivo de muitos debates e teorias, já que o seu jeito chucrão deve inspirar muito mimimi.
Em pouco tempo de carreira, o cara conquistou um espaço considerável, principalmente no Mato Grosso do Sul e adjacências, justamente por esse jeito autêntico de ser. E a história mostra que o povo se identifica com quem é autêntico. Levando em conta, então, que o sertanejo “solo” anda meio capenga, já que, convenhamos, a maioria dos novos cantores solo costumam ser apenas mais do mesmo, Manutti acaba saindo na frente, já que mais original que ele impossível. Seu timbre vocal é uma de suas mais interessantes características. Ao invés do grave tradicional, a voz dele tem uma rouquidão bem própria, o que faz de seu estilo ainda mais peculiar.
O seu primeiro DVD parece ter sido projetado justamente para levantar a bandeira do “cantor mais bruto do sertanejo”. É que além do próprio Manutti já ser assim, ele ainda reuniu no DVD alguns dos nomes “brutos” mais importantes do gênero, como Jads & Jadson, Bruno & Barretto e João Carreiro. Sem falar na produção a cargo do Flávio Guedes, sócio no projeto e conhecido como “o produtor dos brutos”. Havia sido anunciada ainda a participação do Loubet, mas alguns problemas particulares impossibilitaram seu comparecimento.
É sabido que esse subsegmento tem algumas características básicas. E o DVD do Manutti deve evidenciar aquela que julgo a principal delas atualmente: a mesclagem de ritmos mas com identidade própria dos “brutos”. Se Bruno & Barretto, por exemplo, são conhecidos pelo estilo mais irreverente, e Jads & Jadson pelo mais romântico, Manutti mescla um pouco de cada coisa. E talvez seu jeitão chucro favoreça mais as músicas com temas etílicos. Não à tôa, as principais músicas da sua carreira até hoje seguem essa linha.
O DVD foi dirigido pelo Jacques Junior, com um cenário ao mesmo tempo simples, bonito e direto, com elementos que remetem ao estilão do Manutti. Chamou a atenção, inclusive, a sua tranquilidade durante a gravação. Com menos de duas horas de show, poucas músicas foram repetidas e o Manutti dominou totalmente o palco.
Estou curioso para ver como vai ser a recepção do Manutti num âmbito nacional, o que não deve demorar. Ele foge de tudo o que é clichê do gênero. Totalmente autêntico e original. No mínimo, vai causar um certo alvoroço. Seja em entrevistas ou programas de TV, sua personalidade deve sempre sobressair o “artista”, já que ele sequer parece se importar em se comportar como tal. E isso está longe de ser algo ruim. Pelo contrário. Num mundo onde a gente não sabe mais o que é atuação e o que é verdade, talvez o sucesso de um cara que seja 100% verdade seja bem o que precisamos.
O primeiro vídeo do DVD já foi liberado, inclusive. Trata-se da “Mesa 12”, música que ele já vinha trabalhando nos últimos meses. Confiram abaixo. E logo depois, fotos da gravação. Ah, ainda esta semana posto aqui e no Youtube a entrevista que gravei com ele.
Fotos da gravação (Rafael Duarte):