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Música ou Matemática?

Na cabeça dos leigos, números e música não combinam. Números são mais ligados à razão, enquanto a música é mais ligada à emoção. De fato, quando alguém canta ou interpreta uma canção num instrumento sem ler partituras e tudo mais, está realmente sendo movido muito mais pela emoção do que pela razão. Os números sempre foram mais ligados à parte teórica da música. Quantos compassos, quantos acordes, acordes em terça, quarta, quinta, sexta, sétima, sétima aumentada, em nona, quantas casas no violão, quantas repetições de determinado verso e por aí vai. Nos últimos tempos, no entanto, temos visto uma estranha deturpação nesta relação entre números e música.

No segmento sertanejo, que sem dúvida é o mais forte da atualidade, isso fica ainda mais evidente. Os números passaram a ser utilizados como arma numa eterna guerrinha de ego entre determinados artistas e empresários. Quem tem mais, quem pode mais, quem faz mais… Quantas pessoas compareceram ao show, quantos pagantes, quantos views no Youtube, quantos membros na comunidade do Orkut, quantos seguidores no Twitter, quantos acessos no site oficial e bla bla bla.

Nessa guerrinha de números, a “multipilicação” continua sendo a operação matemática mais importante. E são cada vez mais comuns as indagações relacionadas a essa operação matemática. Como investir X em um artista e fazer esse investimento se transformar em 10X? Como lotar um evento para multiplicar um número cada vez maior de pessoas por um valor cada vez maior do ingresso? Como multiplicar a popularidade de um cantor de modo a ofuscar os outros que porventura tentem conquistar seu espaço?  Como multiplicar a influência em território nacional de modo a conquistar um público cada vez maior?

O milhar virou milhão. O disco que custava 30 mil hoje custa 200 mil. A máquina que prensava 500 mil CDs originais para a venda hoje prensa dois milhões de CDs promocionais para distribuição gratuita. Hoje em dia qualquer quantidade abaixo de “um milhão” é praticamente irrisória diante do altíssimo investimento que se faz nos artistas que estão no topo da parada de sucessos. E quando digo “quantidade” não me refiro apenas ao dinheiro. Seja em reais, em CDs, em fãs na Internet, em views no Youtube, visitas no site oficial, o “milhão” é a bola da vez. E pelo andar da carruagem não demora até que mais um zero seja inserido à direita, logo antes da vírgula.

Nesse jogo de interesses, a “subtração” também tem lá sua importância enquanto operação matemática de grande utilização. A melhor forma de maximizar o lucro, afinal, é subtrair. Subtrair funcionários no escritório – afinal para quê ter duas pessoas fazendo o trabalho que uma apenas consegue fazer tranquilamente? Subtrair músicos na banda – afinal para quê ter três caras tocando violão se apenas um consegue fazer o trabalho e o restante das harmonias de cordas podem ser gravadas todas num aparelho de VS ou num notebook? Subtrair influência de determinado sócio num projeto – afinal para quê fulano tem que ter 20 ou 30% se ele realiza apenas 5% do trabalho?

Por falar nela, a “porcentagem” também ocupa um importante patamar nessa batalha de calculadoras, meio que se confundindo, claro, com a “divisão”. Quanto mais sucesso um artista faz, afinal de contas, maior a fatia do bolo a se repartir. Se dois sócios juntos conseguem realizar um investimento apenas modesto, por que não ampliar as participações no projeto através da inserção de um terceiro que poderia ajudar a melhorar essa quantia e, por consequência, a probabilidade de obtenção do lucro desejado? Dividem-se os gastos, maximiza-se o lucro e todos ficam felizes. Hoje em dia são tantos os sócios envolvidos em cada projeto de sucesso que o artista acaba se tornando praticamente um funcionário de si mesmo ao invés de alguém intessado em promover a própria verdade musical.

O que fica meio evidente, no entanto, com essa guerra cada vez mais acirrada de números e operações matemáticas, é que uma delas, num sentido mais poético, tem sido meio esquecida. A “soma”, ou “adição”, já não tem mais a importância que talvez tivesse em outros tempos. Os artistas sertanejos e todos os envolvidos em seus respectivos projetos andam tão preocupados em se firmarem e crescerem, ainda que às custas da derrubada de outros, que se esqueceram de somar forças em prol da dignidade de um trabalho bem realizado. Poucas vezes vemos manifestações verdadeiras de admiração neste meio. O que vemos mais costumeiramente são tapinhas nas costas e sorrisos amarelos quando se vê um artista superar o outro. É claro que o sorriso amarelo parte de quem perdeu. Quem ganhou geralmente dá uma gargalhada provocativa. Não existe mais a soma das forças. O que existe é uma soma constante, sim, mas de interesses em jogo.

A impressão que dá é que a real importância dos números para a música tem sido esquecida. Com tantas indiretas que vemos artistas e empresários distribuindo uns aos outros via Twitter, fica complicado definir se o real objetivo é fazer do segmento sertanejo uma música de cada vez maior qualidade e dignidade. Ora, se uma dupla que se separa porque não suporta mais a convivência um com o outro é atacada pelos fãs e pelo mercado de uma forma geral como se obrigados fossem a conviver na base da mentira apenas porque o segmento sertanejo não suporta duplas “separadas”, dá pra se esperar paixão verdadeira de um artista por um projeto musical? Ou será que o mesmo não trabalho apenas porque o mercado lhe permite isso?

Antes de se pensar no lado comercial dos números em um projeto, porque não pensar no lado passional dos mesmos? Quantas músicas deve-se cantar num show para que o público presente fique satisfeito? Quantas músicas devem fazer parte de um novo disco para que se agrade aquele que o esteja ouvindo? Quantos artistas seriam necessários para se realizar um grande projeto social, mesmo que este projeto não seja televisionado? Quantas abraços um artista deve dar nos fãs e quantas fotos deve tirar de modo que se atenda a maior quantidade de pessoas possível e consequentemente se agrade a quem realmente dá valor ao seu trabalho? Quantas pessoas ficarão emocionadas ouvindo este artista cantar? Os números nem sempre devem soar negativos. Pode-se pensar neles de uma forma positiva, não apenas no caráter comercial, mas no emocional também. Basta privilegiar um pouco mais a música e um pouco menos a matemática. Trabalhar com paixão e não tanto com o puro e simples interesse comercial. Mas será que o segmento está preparado?