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Então tá, vamos falar do Zé Rico…

Demorei, mas cá estamos pra tentar falar um pouquinho a respeito da provável maior perda sofrida pela música sertaneja desde a morte do Tião Carreiro. “Pô, Marcão, e o Leandro? E o João Paulo? E a Inezita?”. Ora, amigos, não estou diminuindo a importância de ninguém. Mas é possível encarar o Zé Rico de outra forma que não seja como um mito, uma lenda com mais de 40 anos de carreira e de evoluções que transformaram a música sertaneja e a tiraram da marginalidade, do essencialmente caipira, para torná-la de fato global?

Global? Sim, global, afinal Milionário & José Rico conquistaram a proeza de se tornarem sucesso, vejam só, até na China. Algo semelhante só foi conquistado por Leandro & Leonardo muitos anos mais tarde, quando se tornaram sucesso no Japão e, mais recentemente, pelo Michel Teló na Europa com sua “Ai se eu te pego”. Não estou falando do artista ir até lá fazer shows para brasileiros, mas sim de conquistar o público nativo. Um dos inúmeros bons exemplos do pioneirismo do Zé Rico e de seu parceiro Milionário.

A dupla rechaçava a alcunha “caipira” e as roupas iguais, num tempo onde isso era praticamente uma obrigação. A rebeldia e a coragem de quebrar as regras, até hoje defendidas com unhas e dentes por uma considerável parcela do público, é que abriram o caminho para o começo da urbanização da música sertaneja. Ao invés dos temas rurais, Milionário & José Rico priorizavam os temas românticos, que até então ocupavam um espaço, convenhamos, pequeno. O “modão” de Milionário & José Rico acabou se mostrando uma saudável e digna transição entre o caipira e o sertanejo moderno, predominando por cerca de 20 anos, pelo menos.

A inconfundibilidade do Zé Rico começava pela aparência. Os óculos escuros, ao contrário do que muitos ainda imaginam, nunca teve uma função meramente estética. Eram usados para esconder a pestana caída no olho direito, provavelmente por vergonha. Vergonha de quê? Com uma voz dessas, é difícil imaginar que ele pudesse ter vergonha de alguma outra coisa.

Por vezes, ele ostentava ainda uma pomposa barba. Até no Faustão, em uma de suas aparições mais recentes, ele apareceu assim. Os acessórios e jóias nas mãos e no pescoço, que ajudavam a compor o “personagem”, já traziam a ostentação em evidência muuuuuuuuuito tempo antes disso virar modinha. E os bonés ou camisetas com a logomarca da dupla, sempre usados em shows ou em aparições na TV, estes sim reflexo de um lado um pouco mais conservador e que mostravam o Zé Rico como ele próprio provavelmente se via: um grande divulgador de si mesmo.

A voz inigualável, que geralmente vinha acompanhada de uma interpretação peculiar, na qual ele tentava conciliar a função de intérprete com a de regente, sempre usando as mãos para, aparentemente, fazer com que a banda tocasse a música do jeito certo. E o “Zum”, ou “Zoom”, sei lá qual o certo nesse caso. A sua marca registrada em 11 de cada 10 frases que falava e cujo significado também restou inexplicado.

A mística em torno da jamais comprovada mas sempre comentada eterna briga entre o Zé Rico e o Milionário provavelmente vai ficar mesmo na imaginação, assim como ocorreu com João Mineiro & Marciano, exceto se o Milionário resolver contar ele próprio essa história, se é que ela de fato existe.

E a morte. Zé Rico morreu antes de completar 70 anos. Cedo? Talvez. Mas a grande ironia é que, dentro da música sertaneja, o tema “morte” talvez nunca tenha sido tão explorado quanto no seu repertório. Seja prestando homenagens a ídolos que se foram (“Herói da Velocidade”, sobre Airton Senna), contando histórias de tragédias verídicas (“Lágrimas que choram”, do Nonô Basílio, que tratava de um episódio trágico de um sequestro seguido da morte de um jovem de 21 anos de uma família de classe alta de Campo Grande, em 1976) ou teoricamente fictícias (“Águas da Saudade”, sobre um amor que termina após uma tragédia com um barco, ou “Sonho de um caminhoneiro”, sobre um sonho de independência financeira encerrado por uma tragédia rodoviária).

Sem falar, obviamente, do seu maior hit. “Estrada da Vida” não era sobre a vida, mas sim sobre a morte. Falava da busca incessante pelo sucesso, que culminava com a morte inevitável, tudo em forma de uma grande lição de moral. “Nós devemos ser o que somos, ter aquilo que bem merecer”. No fim, tudo o que buscamos, tudo o que almejamos, nada disso vale nada.

É difícil imaginar que esta música pudesse representar a carreira do Zé Rico. Afinal de contas, ele conquistou de fato, muito do que almejou. Talvez ela tivesse mais a ver com a época em que foi composta. O que torna isso ainda mais irônico, já que depois que ele compôs sobre como não devemos buscar incessantemente o sucesso a sua carreira decolou de fato.

Zé Rico conquistou muito. Talvez tudo. Mas assim como seu castelo em Americana, que restou inacabado e agora dependerá de liberação da prefeitura para poder ser finalizado, a sensação que fica é a de que não acabou. No dia da morte, a primeira reação que eu ouvi da maioria das pessoas pra quem eu contei ou após postar em minhas redes sociais foi “Mentira. Você tá brincando, né?”. É que, mesmo perto dos 70 anos, a impressão que dava é que o Zé Rico ainda tinha muito a oferecer. Mesmo que muitos boatos dissessem que ele pensava em parar em algum tempo (o que é difícil de acreditar diante de uma agenda sempre lotada como a deles). Por mais moderna que a música sertaneja tenha se tornado, a voz, o repertório e o legado do Zé Rico ainda eram muito presentes. Difícil mensurar a falta que isso fará nas nossas vidas a partir de agora.

Abaixo, um repost da única vez em que entrevistei a dupla. Foi durante o Caldas Country de 2010.

E pra encerrar, algumas belas homenagens prestadas por alguns artistas através de canções inéditas compostas em homenagem ao Zum. Na ordem: 1) Fabinho & Rodolfo / 2) Fátima Leão / 3) Maiara & Maraísa, Marília Mendonça, Juliano Tchula, Thales Lessa, Emerson Coelho, Michel Alves e Paula Mattos.